O segundo dia do XX Enong discutiu aspectos dos direitos a saúde, indagando quais as articulações possíveis para a manutenção e ampliação destes direitos. A primeira mesa, que teve a participação do desembargador Roger Raupp Rios, do Tribunal Regional Federal da quarta região e do presidente da Abia, Richard Parker, tratou da articulação do ativismo em Aids com os Direitos Humanos.

Como evitar novos caos ou interromper a cadeia de transmissão ?

As novas tecnologias de prevenção, sua efetividade e as possibilidades de ampliação de seu alcance foram alguns tópicos debatidos na segunda mesa. A médica Beatriz Grinsztein, da Fiocruz, apresentou dados e pesquisas que estão em andamento destacando a necessidade de reforçar ações para combate no diagnóstico tardio. Para ela, a concentração de quase dos casos de Aids, em 50 municípios, revela a necessidade de ações locais voltadas para a realidade de populações específicas, atendendo as peculiaridades destes grupos.

Já o sociólogo Alexandre Granjeiro, pesquisador da Faculdade de Medicina da USP, iniciou sua fala fazendo uma homenagem ao ativista José Araújo, falecido em setembro. Com fala provocativa indagou quais as alternativas de ações de prevenção que realmente queremos. “ Devemos nos contatar com pouco ? Queremos reduzir todos os casos ou acabar com a epidemia ?” foram alguns dos pontos levantados pelo painelista.

#machismomata
#aidsmata

As mulheres presentes no Enong organizaram no final da mesa uma manifestação, alertando para a necessidade de incluir as especificidades femininas na formulação das políticas de PrEP e outras tecnologias.

De acordo com o boletim epidemiológico HIV/Aids 2018 do Ministério da Saúde, entre a população feminina esta é a faixa etária com maior variação de aumento de casos de confirmação do vírus HIV. De 2007 a 2017, os diagnósticos cresceram sete vezes, na casa de 657%. A taxa de detecção de Aids em mulheres acima de 60 anos também aumentou, na última década, de 5,3 para 6,4 pessoas para cada 100 mil habitantes.

Já o Mapa da Violência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostra que o número de mulheres assassinadas aumentou no Brasil. Entre 2003 e 2013, passou de 3.937 casos para 4.762 mortes. Em 2016, uma mulher foi assassinada a cada duas horas no país.

Repetindo, como em eco, frases como “ o machismo mata”, “ a Aids mata”, levantaram cartazes denunciando questões como o uso do preservativo de látex e o desrespeito ao corpo feminino. Sob aplausos dos delegados e observadores a manifestação reivindicou voz e vez na decisão das políticas públicas.