Seis mil pessoas estiveram na etapa nacional da 17ª Conferência Nacional da Saúde, que aconteceu em Brasília entre os dias 2 e 5 de julho. A edição, já histórica, foi celebração da democracia, da reafirmação da saúde como direito. Momento de refletir sobre mobilização do movimento de luta contra o HIV/aids.
Os delegados, mais de quatro mil usuários, trabalhadores e gestores, se debruçaram nas diretrizes que foram elaboradas nas etapas anteriores, as conferências municipais, estaduais e livres. As diretrizes são subsídio na elaboração do Plano Nacional de Saúde e do Plano Plurianual de 2024-2027.
O evento teve como tema “Amanhã vai ser outro dia – Garantir direitos e defender o SUS, a vida e a democracia” e contou com a presença do presidente Lula e de diversos ministros, que foram muito aplaudidos pelo público presente.
Antes de participar da mesa no dia 5, o presidente Lula e a ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, estiveram reunidos com Rodrigo Pinheiro, presidente do Foaesp, e Márcia Leão, coordenadora do Fórum Ong/aids do Rio Grande do Sul (Foars). No dia 3, o presidente sancionou a lei 14.613, que estabelece ações para o Julho Amarelo, mês de sensibilização e conscientização da população para as hepatites virais. A lei, de autoria do então deputado Alexandre Padilha, é elaboração conjunta do Foaesp e do Foars.
Movimento de luta contra o HIV/aids
“Foi um esforço para chegar até a etapa nacional, foi um sucesso e estamos aqui, não interessa em quantos, mas já sabem que somos nós, e temos que mudar conceitos e estereótipos”, assim definiu Moisés Toniolo, da Rede Nacional das Pessoas Vivendo com HIV/Aids (RNP+) da Bahia, sobre a mobilização do movimento para o evento.
A fala de Toniolo remete a um passado em que o movimento de luta contra o HIV/aids era mais numeroso e atuante. Entretanto, o ativista destaca a importância da fala de Alícia Kruger em uma das mesas de discussão. Na ocasião, a pesquisadora expressou sobre equidade, justiça social, direitos para população LGBT+ e prevenção e tratamento para o HIV, dando visibilidade para a população trans. “Pessoas trans não são difíceis de achar, estamos por aí, e estamos aqui, na mesa da conferência”, ressaltou, sobre seu pioneirismo.
Moisés Toniolo, que também fez parte da comissão organizadora da 17ª Conferência Nacional de Saúde, contou da alegria de encontrar os ativistas nos espaços do evento. “A movimentação foi muito boa, identifiquei nos corredores vários delegados do movimento, a gente se identificando, se abraçando”, disse.
Isaque de Oliveira, da Rede de adolescentes e jovens que vivem com HIV/aids, afirmou que foi realizada uma roda de conversa sobre HIV/aids na Tenda Simone Leite e Wanderley Gomes, espaço de arte, educação e cultura popular do evento. “Fizemos um trabalho legal, conversamos com as pessoas sobre a temática HIV/aids, construímos uma mandala e um laço grande com balões vermelhos, falamos de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), de Profilaxia Pós-exposição (PEP), e distribuímos preservativos internos e externos”, disse o militante do Espírito Santo.
“É fundamental que os ativistas se apropriem do espaço de controle social e que participem, não só das conferências, mas também dos conselhos, para melhor compreensão dos mecanismos do SUS”, afirmou Renata Souza, do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP), que também compôs a comissão organizadora da etapa nacional da 17ª Conferência Nacional de Saúde. “É preciso conhecer melhor a realidade, fazendo sugestões e propostas ao governo de melhoria para os usuários”, pontuou.
Também do MNCP e igualmente trabalhando no evento, Jenice Pizão acredita que o movimento foi bem representado, com presença destacada de ativistas durante o ato público em defesa do SUS, realizado ao lado da Biblioteca Nacional de Brasília, no dia 4.
Ainda no dia 4, aconteceu reunião com a participação de diversos ativistas de movimentos, como Rede Nacional das Pessoas Vivendo com HIV/aids (RNP+), MNCP, Rede de adolescentes e jovens que vivem e convivem com HIV/aids e Rede de Mulheres e Homens Trans que vivem com HIV/aids, além da representante da Articulação Nacional de Aids (Anaids). 
Ana Leila Gonçalves, da Associação Centro Social Fusão do Rio de Janeiro e da Rede Nacional de Comunidades Saudáveis, esteve na reunião e destacou a importância e a alegria de estar na conferência representando as pessoas vivendo com HIV/aids e pacientes com tuberculose, depois de participar da Conferência Nacional Livre de Tuberculose e HIV/aids. 
Sobre as diretrizes de HIV/aids, Maria Rosilda Pereira, representante da Associação das Mulheres da Ilha do Governador, também do Rio de Janeiro, pontuou “que estamos firmes e fortes, brigando para que as propostas continuem”, disse, lembrando que pôde pegar bastante material impresso no evento para levar para seu território.
Fábio de Jesus, da Ong Arco Íris de Ribeirão Preto, foi delegado na conferência, e também considera o evento como marco histórico. O ativista destacou a importância do controle social e ressaltou a aprovação de várias propostas, um avanço nas políticas públicas para o movimento de luta contra o HIV/aids. “A Conferência foi um marco histórico, a gente conseguiu aprovar várias propostas de extrema importância para o movimento de luta contra o HIV/aids”, concluiu.
Os desafios são muitos, e é importante a mobilização e a participação efetiva do movimento para reinserir os movimentos de luta contra o HIV/aids, a tuberculose, as hepatites virais e as infecções sexualmente transmissíveis na pauta. Em eventos como a Conferência é fundamental renovar forças e lutar para atingir a meta de acabar com a epidemia de aids até 2030.