Ontem, 16, aconteceu em São Paulo reunião entre representantes do Departamento de HIV/AIDS, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde (Dathi/MS) e a sociedade civil. Também participaram da reunião representantes do Programa Estadual de DST/aids. Mais de 40 pessoas estiveram no encontro, que aconteceu como atividade do Fórum de Dirigentes IST/aids. 
Draurio Barreira, diretor do Dathi, ressaltou a importância da reunião com os movimentos sociais em um momento de invisibilidade e que é preciso “retomar o protagonismo” e alinhar, para um espaço de troca, “o governo federal, os governos estaduais e municipais, a academia e os movimentos sociais”. O diretor do Dathi pontuou ainda sobre a dificuldade de reconstrução, já que estamos em um “governo de coalizão”.
Barreira também destacou os esforços feitos nesse início de gestão, na composição dos comitês técnicos, no trabalho político e no resgate de agenda. Sobre HIV/aids e a mudança de paradigma, o diretor do Dathi explicou a agenda ousada dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, com as metas para 2030. “Falo o tempo todo, no Brasil inteiro, não é mais controle, não é erradicação. É eliminação do HIV/aids como problema de saúde pública”, disse, enfatizando a necessidade de mais financiamento, não só para o enfrentamento do HIV/aids, mas também para outras doenças, como tuberculose, sífilis, hepatites e HTLV, por exemplo.
Questionado sobre a incorporação de novos medicamentos no Sistema Único de Saúde, Barreira destacou a necessidade do cumprimento das regras já estabelecidas da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), e observou que “é difícil o caminho, é preciso articulação e retomar o protagonismo, e que a ciência há de prevalecer”.
A publicação de editais e a discussão pela diminuição da burocracia existente na formulação destes editais também foi tema discutido no encontro. Para os participantes, é fundamental a simplificação das etapas, para que mais organizações, incluindo coletivos que não possuem cadastro CNPJ, possam participar dos editais, e para não serem encarados somente “como prestadores de serviço, mas como parceiros”.
Outro ponto abordado pelos presentes à reunião foi comunicação e publicidade, incluindo as campanhas de mídia. Nos últimos tempos, vivemos situações de “apagamento” e são necessárias ações para promover um resgate histórico e retomar o pioneirismo, dando mais visibilidade ao movimento de luta contra o HIV/aids. Para Barreira, “(a comunicação) é um calcanhar de Aquiles”. Os participantes destacaram a importância da melhoria da disponibilização de informações no site do Dathi, canal oficial do Departamento, fundamental para que o tema tenha mais visibilidade. 
O esvaziamento da política nacional de redução de danos também foi discutido no encontro. Os participantes apontaram que nos últimos tempos o tema foi “sequestrado” pela pauta moral, e que é necessário resgate para o enfrentamento da questão das drogas, especialmente em populações com maior vulnerabilidade, como população em situação de rua. Também foram discutidas questões da população LGBT+, da população jovem, da população periférica e das populações negras e indígenas.
Rodrigo Pinheiro, presidente do Foaesp, comentou sobre o encontro. “Está abrindo um espaço de escuta com o movimento social como um todo, isso é importante. Já vimos, no passado, diretor que só abria espaço para os que diziam 'amém' para ele. Mas essa escuta precisa ser colocada em prática dentro do Dathi. Reconhecer e encaminhar as demandas vindas por parte da sociedade civil é de suma importância na construção das políticas públicas de enfrentamento ao HIV/Aids e Hepatites Virais, pois vivenciamos as necessidades que na base necessitam. Apesar, como ele disse ontem novamente, que as decisões finais cabem ao Dathi, e realmente cabem, nós, enquanto movimento social, iremos cobrar as demandas encaminhadas por nós, sempre”, afirmou.