O Fórum das ONG/Aids do Estado de São Paulo (FOAESP), coletivo fundado em 1997 que reúne cerca de cem organizações da sociedade civil com atuação pela garantia dos direitos humanos das pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA) e suas coinfecções e pela valorização do Sistema Único de Saúde (SUS), sempre pautou suas ações na luta contra a AIDS embasado nos Direitos Humanos, no Estado de Direito e nos princípios constitucionais. E isto só é possível numa Democracia.

Neste sentido, o FOAESP ressalta que, entre as populações mais afetadas pelo HIV/AIDS no Brasil estão homens que fazem sexo com homens, trabalhadores e trabalhadoras comerciais do sexo, populações privadas de liberdade, usuários de drogas e população transexual. Simultaneamente salienta que em todas essas populações destacam-se pessoas de etnia negra.

Assim, candidatos que expressam desprezo por mulheres, gays, população negra e também pelas populações privadas de liberdade constituem um perigo para a construção de uma sociedade mais justa, solidária e sem preconceitos. Vale lembrar que o Brasil absorveu populações dos mais diversos lugares do mundo, cuja convivência só é possível num ambiente de mútuo respeito.

Jamais apoiar candidatos que afirmem que uma mulher deve ganhar um salário mais baixo que o dos homens só porque pode engravidar e que, por conta de uma “fraquejada” teve uma filha mulher; que “ter filho gay é falta de porrada”; que “prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí”; que uma deputada não merecia ser estuprada; ou que as pessoas com HIV não devem ser tratadas pelo SUS porque são vagabundas e foram infectadas “por vadiagem”.

No campo do HIV/AIDS sabemos que a discriminação nutre a disseminação da epidemia entre as populações citadas, seja na falta de prevenção ou na dificuldade de obtenção da assistência. Assim só será possível controlar o HIV/AIDS num ambiente de respeito e solidariedade.

Salientamos, ainda, que a resposta brasileira ao HIV/AIDS foi construída com o ativismo de gestores, profissionais de saúde e da sociedade civil organizada; por isso o Brasil foi reconhecido, no passado, como tendo construído o “melhor programa de aids do mundo”.

Finalmente, somos a favor do SUS de acesso universal, que, apesar do subfinanciamento tem obtido grandes realizações. Entre outras: um número enorme de transplantes, acesso aos medicamentos antirretrovirais para as pessoas vivendo com HIV/AIDS e, atualmente, fornece remédios para a cura da Hepatite C. Deve-se lembrar da importância do SUS num país tão desigual economicamente e que ficou ainda mais importante devido à atual crise econômica, uma vez que muitos tiveram que abandonar seus planos privados de saúde.

Portanto, o FOAESP aconselha, no segundo turno destas eleições, a não votar em candidatos que desrespeitem pessoas com HIV/AIDS, gays, mulheres, população negra, ou que desrespeitem a Democracia. E que se vote em candidatos que, além de respeitarem todas as populações, apoiem a expansão dos recursos do SUS.

Juntos, em um Estado Democrático de Direito, que respeite os direitos humanos, que impulse a solidariedade e fortaleça o SUS, poderemos controlar o HIV/AIDS!

 

Fórum das ONG/AIDS do Estado de São Paulo

São Paulo, 10 de outubro de 2018.