Foram as violências que sofreu que conduziram Erika Hilton ao ativismo e à politica. A transfobia violenta pode tirar da política e da vida a primeira transexual negra eleita vereadora de São Paulo.

Carolina Iara sempre trabalhou duro para chegar à universidade. A ativista negra intersexo das causas LGBTQIA+ e da luta contra a aids trabalhou até tomar posse como co-vereadora da Bancada Feminista em São Paulo.

Ameaçadas, ambas sofreram atentados, coincidentemente, na semana pontuada pelo Dia Nacional da Visibilidade Trans, lembrado nesta sexta-feira, 29 de janeiro. Se é conhecido o autor da invasão ao gabinete da vereadora Erika Hilton, o mesmo não se pode dizer do autor – ou autores – dos tiros disparados contra a residência da co-vereadora Carolina Iara.

Erika Hilton e Carolina Iara, ambas vereadoras pelo PSOL, sofreram violência não apenas porque são negras ou porque uma é mulher transexual e a outra uma travesti intersexo – como se define – vivendo com HIV. Sim, elas tiveram seus direitos violados porque não negras, transexual e travesti intersexo, mas também porque foram eleitas à Câmara de Vereadores e porque a política que exercem não é aquela que se diz interessada na população. A política que Erika e Carolina fazem é a política do compromisso com suas raízes, com a diversidade e com a população socialmente mais vulnerável às violências.

Parece que nós, brasileiras e brasileiros, naturalizamos a violência de uma maneira que nada mais nos afeta. Somos todos e todas responsáveis por essas violências contra as vereadoras. É inadmissível que alguém sofra qualquer tipo de violência. É inaceitável que a sociedade se cale diante de qualquer violência.

Neste sentido, o Fórum das ONG/Aids do Estado de São Paulo REPUDIA veementemente as ameaças e os violentos atentados que sofreram a vereadora Erika Hilton, eleita com mais de 50 mil votos, e a co-vereadora Carolina Iara, co-eleita pela Bancada Feminista com mais de 46 mil votos.

As violências cometidas contra a vereadora Erika Hilton e a co-vereadora Carolina Iara não atingem apenas a elas, mas atingem o respeito pela democracia, o respeito pelo ser humano, o respeito pela diversidade. Enfim, a violência atinge a todas e todos nós.

São Paulo, 28 de janeiro de 2021.

 

Rodrigo Pinheiro
Presidente