O presidente do FOAESP, Rodrigo Pinheiro, e o representante da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids no Estado de São Paulo (RNP+SP), Alisson Barreto, estiveram na sexta-feira, 16 de abril, reunidos com o secretário de Estado da Saúde de São Paulo, Dr. Jean Gorinchteyn.
Na quinta-feira (15), o secretário foi informado que o FOAESP, junto ao Programa Estadual de IST/AIDS de São Paulo, estava articulando um projeto que possa minimizar alguns dos efeitos mais duros da pandemia de covid-19: a falta de alimentos e a fome.
Em seguida, o secretário recebeu uma nota conjunta de repúdio do FOAESP, RNP+SP e Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas em São Paulo (MNCP-SP), na qual as organizações repudiaram as ameaças sofridas por médicos do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER).
A reunião, realizada no auditório da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, contou com alguns assessores do secretário, o diretor do IIER, Dr. Luiz Carlos Pereira Jr., bem como a Dra. Maria Clara Gianna e Alexandre Gonçalves, da coordenação do Programa Estadual de IST/Aids de São Paulo.
Segundo o secretário da saúde, “o HIV é algo que tem que ser lembrado, principalmente durante uma pandemia. Pra mim é uma honra estar aqui com vocês. As pessoas afetadas pelo HIV precisam de uma proteção social que lhes dê um pouco de tranquilidade”, afirmou.
Ainda segundo o secretário, “precisamos rediscutir o papel das nossas instituições estaduais”, disse ele, referindo-se às mudanças que pensa em fazer na estrutura da secretaria. Para Gorinchteyn, a fusão do IIER com o CRT pode resultar num CDC (centro de controle de doenças, como nos EUA). Além destas duas instituições, o secretário pensa em juntar os institutos Pasteur e Adolfo Lutz a este “grande CDC paulista”, que pode ser uma fundação.
“No IIER não somos só assistência, somos educação, pesquisa. Precisamos fazer mais. Estando juntos podemos fazer muito mais”, disse o secretário.
A Dra. Maria Clara Gianna também levou algumas reivindicações, como, por exemplo, a efetivação da Rede de Cuidado ao HIV/aids e hepatites virais, a organização dos municípios nesta rede de cuidado, além de questões do ambulatório de saúde integral de travestis e transexuais.
Segundo o presidente do FOAESP, “os contextos sociais das pessoas vivendo com HIV e aids foram agravados com a covid-19; a secretaria de assistência social, tanto do estado quanto do município se afastam ao invés de aproximar-se destas questões. Afinal, a aids não é só um agravo à saúde”.
Para Rodrigo Pinheiro, a dificuldade de acesso ao tratamento, de acesso aos serviços de saúde, precisa ser minimizada. “As pessoas não têm dinheiro para se deslocarem de casa aos serviços”, disse.
Pinheiro também apresentou ao secretário algumas das organizações não governamentais, remotamente presentes à reunião. “Somos um grupo muito diverso. Temos ONG afiliadas que trabalham com trabalhadoras e trabalhadores do sexo, ONG que trabalham com usuários de drogas na perspectiva da Redução de Danos.”
Ao tomar a palavra, o diretor do IIER afirmou que a Rede de Cuidado é um excelente ponto de partida, pois define a linha de cuidado da Atenção Básica à Atenção Terciária. Também afirmou que no início da pandemia, o IIER ficou quatro meses sem atendimento ambulatorial. “No entanto, nenhum paciente ficou sem tratamento”, afirmou. “A obra ‘se arrasta’ porque não deixamos um único paciente sem tratamento.”
Pinheiro aproveitou o momento para reivindicar que o Conselho Gestor do IIER seja de fato efetivado. “Queremos um Emílio Ribas forte atendendo a população. O Conselho Gestor pode equacionar o papel do controle social na instituiçã0”, afirmou.
Iniciada pouco depois das 16h30, a reunião terminou às 18h10 com o seguinte encaminhamento: a cada dois meses o secretário estará na reunião ordinária do FOAESP e todos os meses uma de suas assessoras acompanhará a reunião.