O XIV Encontro Estadual de Ong/Aids do estado de São Paulo (EEONG) acontece nesta sexta-feira (29), de modo híbrido, em São Paulo. A primeira atividade do dia foi a leitura do regimento interno por Carla Diana, vice-presidente do Foaesp.
O EEONG é um encontro propositivo e deliberativo sobre temas atuais do movimento de luta contra a AIDS, preparatório ao Encontro Regional de ONGS/AIDS (ERONG) e foi convocado e organizado pelo Foaesp e suas ONGs filiadas.
O representante do Programa Estadual de IST/Aids do Estado de São Paulo, Alexandre Gonçalves, parabenizou o evento e a importância da manutenção das atividades sociais no Brasil no contexto em que vivemos, com ataques ao SUS, fake news e pandemia da Covid-19.
Fabiana Oliveira, representante do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas, também ressaltou a importância da realização do encontro, “sendo um evento de diálogo, de debate e rico nas discussões”.
O coordenador da Frente Parlamentar Mista de Enfrentamento das IST/aids do Congresso Nacional, deputado Alexandre Padilha, enviou vídeo de participação, se colocando à disposição e comentando sobre o desserviço da fala preconceituosa do presidente da república, na semana passada, quando associou a vacina contra a Covid-19 e o HIV, informação mentirosa, sem qualquer embasamento científico.
Américo Nunes, do Movimento Paulistano de Luta Contra a Aids (Mopaids), considerou importante as discussões e articulações políticas e o controle social. Propondo algumas reflexões para as discussões nos dois dias de EEONG, Nunes enumerou avanços do movimento de luta contra a aids, como aumento da expectativa de vida das pessoas vivendo com HIV/aids, das novas drogas disponíveis, da diminuição do diagnóstico tardio e da queda da transmissão vertical, mas também citou os retrocessos. Entre as preocupações estão o déficit de recursos humanos nos serviços, a terceirização, as vulnerabilidades expostas pela pandemia da Covid-19, a questão da educação sexual nas escolas, das pessoas idosas vivendo com HIV/aids e as questões de estigma, preconceito e discriminação.
O representante da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/aids de São Paulo (RNP+), Paulo Giacomini, enfatizou as questões de estigma, mesmo após 40 anos de epidemia de aids, fazendo um resgate histórico dos termos pejorativos usados e do preconceito com o vírus e com as pessoas, desde os primórdios da epidemia, situação até hoje persistente.
A coordenadoria de IST/aids da cidade de São Paulo teve como representante Marcos Blum, que pontuou a importância da atuação das Ong/aids no contexto da pandemia da Covid-19 e os desafios para o SUS. Blum disse que o resultado do edital 2021 do município será publicado no Diário Oficial do município neste sábado (30).
A deputada estadual Maria Lúcia Amary enviou sua participação em vídeo, parabenizando o evento. Carolina Wahbe, chefe de gabinete, contou sobre o projeto de lei de autoria da deputada, que é presidente da Comissão Parlamentar de IST/aids na Assembleia Legislativa de São Paulo, sobre educação sexual nas escolas. O projeto passou pelas comissões pertinentes no ano passado, mas foi tirado de votação por conta de pressões de deputados conservadores.
Representando o Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde (DCCI-MS), Gil Casimiro destacou a atuação do movimento social organizado na luta contra a aids e da importância do Foaesp “e do papel ocupado pelo Fórum, com a articulação tão necessária com o legislativo, em nível nacional, estadual e municipal”. Casimiro ainda falou sobre estigma e preconceito e do acordo de cooperação técnica entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Cidadania sobre as políticas de HIV/Aids do Sistema Único de Saúde (SUS) e Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
Rodrigo Pinheiro, presidente do Foaesp, pontuou sobre a importância do papel do controle social na luta contra a aids, atualmente marginalizado pelo governo federal. Pinheiro endossou as falas anteriores citando como desafios as fake news, o descrédito, a falta de financiamento e as vulnerabilidades escancaradas pela pandemia da Covid-19. Como exemplo de vontade política, o presidente do Foaesp citou Bruno Covas que, enquanto prefeito do município de São Paulo, criou o Comitê Intersecretarial para Identificação de Políticas em HIV/aids, reunindo representantes das secretarias municipais de Assistência e Desenvolvimento Social, Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Justiça, Mobilidade e Transporte, Habitação e Saúde. Pinheiro lembrou ainda dos desafios com as eleições do próximo ano e de todo o contexto social, dos retrocessos e do negacionismo, além das questões de estigma e preconceito. “Precisamos avançar, pois temos os mesmos propósitos, as mesmas lutas”, concluiu.