O Foaesp realizou ontem (27) e hoje reunião para planejamento das atividades para o ano de 2022. Na quinta-feira, a atividade online contou com a presença de representantes dos programas estaduais de DST/aids, Controle da Tuberculose e Hepatites Virais e das organizações associadas. Nesta sexta-feira, os representantes das organizações associadas discutiram o documento da reunião.

Em sua apresentação, o pesquisador Artur Kalichman mostrou dados do Programa Estadual de DST/aids, taxas de incidência, casos de detecção e taxas de mortalidade de aids no estado de São Paulo.

Rodrigo Pinheiro, presidente do Foaesp, demonstrou preocupação com os dados de HIV e aids no estado e com o impacto da pandemia da Covid-19. “Há dados positivos, como os que mostram queda na incidência entre as mulheres, mas não podemos repetir os erros do passado nas questões de prevenção. Precisamos ficar atentos também no cuidado integral das mulheres que vivem com HIV/aids”.

Uma informação desafiadora é o recorte por raça. A taxa de detecção de casos de aids na população negra é três vezes maior que na população branca, por exemplo. Para Pinheiro, “é preciso olhar mais ainda para as questões de raça e vulnerabilidade social nos casos de detecção e taxas de mortalidade”.

A taxa de incidência de aids é preocupante em municípios como a capital paulista, Presidente Prudente, Santos e São José do Rio Preto, por exemplo.

Pinheiro lembrou ainda da importância da prevenção, da falta de preservativos e de gel lubrificante, já que a aquisição dos insumos pelo Ministério da Saúde foi menor em 2021 e disse que “é preciso ampliar a PrEP, sem deixar de lado outras tecnologias de prevenção”.

O presidente do Foaesp avalia que a transmissão vertical ainda é um desafio, mesmo muitos municípios paulistas terem recebido certificações de eliminação de casos,

Kalichman apresentou ainda dados de detecção de sífilis em gestantes e sífilis congênita. Pinheiro ressalta que os dados são ‘inaceitáveis’, e que é fundamental que o país seja independente na produção do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) para penicilina, usada no tratamento da sífilis.

Em sua apresentação, Ana Angélica Portela, do Programa Estadual de Controle da Tuberculose, falou sobre determinantes sociais da saúde e que a tuberculose é vinculada à pobreza, que facilita a transmissão e o adoecimento e sobre os estigmas relacionados à patologia. Pessoas mais afetadas são as que estão em situações de vulnerabilidade, pessoas que vivem com HIV/aids, pessoas privadas de liberdade e em situação de rua.

Rodrigo Pinheiro pontuou que o Foaesp vai intensificar a atuação na área, com participação no Comitê Estadual de Tuberculose, e focar em questões da coinfecção tuberculose-HIV e em questões relativas ao contexto social, como determinantes sociais e o acompanhamento da implementação do acordo de cooperação técnica do Sistema Único de Assistência SOcial e Sistema Único de Saúde (SUAS/SUS) no estado.

A reunião contou ainda com a participação da representante do Programa Estadual de Hepatites Virais, Sirlene Caminada. Rodrigo Pinheiro explicou que é preocupante a falta de testes para hepatite C, em um contexto de proposição de eliminação da doença até 2030. Para o presidente do Foaesp, também é preciso atenção na possibilidade de falta de medicamentos para hepatites virais. Outro tema discutido foi a vacinação para hepatite A para população de homens que fazem sexo com homens. Em 2017, houve surto da doença no município de São Paulo e em outros municípios, que não pode ser negligenciado.

Nesta sexta-feira, os representantes das organizações associadas discutiram e aprovaram o documento final do evento.

Veja o documento na íntegra, em pdf.