O Fórum das ONG/Aids do Estado de São Paulo (Foaesp) se junta às manifestações de hoje, que marcam o Dia Internacional da Mulher. Nossa ação consiste num ato político que convida toda a comunidade a mobilizar-se diante do atual cenário brasileiro de desconstrução associada a uma sucessão de acontecimentos vergonhosos.

O momento é de reflexão, luta e foco no desafio do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 5 das Nações Unidas - Igualdade de Gênero. Pensando nisso, chamamos especial atenção às mulheres que vivem com HIV/Aids (MVHA), cujo somatório de preconceitos e exclusões são tão normalizados culturalmente que até a grande mídia e os meios sociais não dão a devida credibilidade. A realidade é algo silenciado, onde outros interesses ganham destaque e atenção social.

Questões de violência assumem proporções maiores quando associadas ao HIV. O direito à decisão da maternidade, em ter ou não ter filhos, se impõe, muitas vezes, como algo mandatório em que a realidade da mulher é desconsiderada e seu corpo desrespeitado.

A necessidade de se pensar em direitos de saúde sexual e reprodutiva neste grupo mobiliza questões além da área de saúde pública, atingindo os debates em direitos humanos, equidade e representação paritária nos centros de decisão.

A luta pelo respeito e dignidade resulta em cidadania, premissa indispensável para se construir uma sociedade melhor, livre de qualquer preconceito e discriminação.

Compreender a interface de ser Mulher e Viver com HIV, em tempos de descaso protagonizado por um governo misógino e machista, para qualificar o mínimo necessário, é ressignificar diariamente nossa existência.

No caso das mulheres transexuais o preconceito de profissionais de saúde e de outros agentes públicos prejudica a busca da qualidade de vida, atuando diretamente no abalo da autoestima, e da autovalorização, resultando num sofrimento intenso e, com isso, dificultando qualquer projeto de vida.

Neste dia, a mobilização para a luta deve ser o marco de resistência, principalmente diante da truculência de um governo que considera as pessoas que vivem com HIV/Aids meras “despesas” à sociedade, ou seja, lhes confisca a categoria de cidadão transformando-as apenas em rubrica orçamentária.

Viva o dia 8 de março.

Viva a força das mulheres.

Viva a resistência há estes tempos sombrios.

 

São Paulo, 8 de março de 2022.

 

Carla Diana

Vice-presidente Foaesp